quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Contra o Fluxo


Que a maioria das pessoas é acomodadas e preguiçosas, todos já sabem. Que política no Brasil já se tornou sinônimo de corrupção, todos já sabem também. Sabem e se limitam a isso, porque tentar mudar as coisas é difícil, aceitar o mal é fácil. Falta boa vontade para se colocar contra todo o sistema que se construiu com base na acomodação. Mas como se combate isso?
Será que não há ninguém que se não se limite a reclamar, mas que se levante contra a corrupção? Existem várias pessoas assim. Elas podem ser encontradas em jornais, em livros, em blogs, na TV, no radio. Estão em toda a mídia, em todo lugar, não é difícil encontrá-las. Na Roma antiga as discussões políticas eram feitas na rua. Séculos atrás, em várias partes do mundo, os intelectuais se reuniam nos bares e expunham suas idéias lá. Filósofos não formam um grupo hermético, eles divulgam seus conhecimentos ao ar livre. Não é a falta de pessoas lutando contra os maus costumes, o problema é que ninguém lhes dá ouvidos.
Não se pode culpar as pessoas por simplesmente não terem paciência para assistir um documentário de um historiador político ou por não se interessarem em ler o caderno de economia dos jornais, isso são hábitos que se adquirem aos poucos, com paciência e boa vontade; mas não se pode desculpar as pessoas que simplesmente não querem pensar e abrir os olhos. Mesmo que entrevistas com analistas políticos não sejam emocionalmente estimulantes para que o espectador leigo em política acompanhe, a área do entretenimento está repleta de intelectuais que criam obras que divertem e instruem ao mesmo tempo.
Claro que na mídia, assim como em tudo, encontra-se elementos positivos e negativos. Filmes privilegiam cenas de explosões e sexo ao invés de um roteiro com o mínimo de coerência; tramas de novelas se perdem em questões fúteis, clichês e o politicamente correto (ou em deixar de lado o politicamente correto, mas mantendo a futilidade no desafio, em vez de revolucionar a mídia); e as musicas professam valores utópicos, idílicos, em total falta de sincronia com o mundo atual (exceto com os adolescentes com visões romanticas de mundo). Mas, enquanto isso, artistas com suas próprias opiniões e visões de mundo lutam quase como Dom Quixote, sempre confiantes de que irão mudar o mundo, ou que seu exemplo servirá de inspiração para que no futuro ele seja melhor.
Alguns se levantam e enfrentam o terror e o absurdo do mundo, não apenas reclamam e xingam os políticos, a vida, Deus, mas apresentam opções e, de vez em quando, soluções; eles não se excluem do mundo cruel, mas participam ativamente dele para melhorá-lo. Não são poucos, não são fracos, nem utópicos, alienados. Apenas não são ouvidos pela grande maioria que não se cansa de falar mau, mas não esta disposta a mover um dedo para mudar algo, aceitando e se acostumando com a situação. Nunca a habilidade de adaptação da espécie humana foi usada de forma tão banal. Sorte que há aqueles que não conseguem se adaptar, e vão negar até a seleção natural, enquanto tiverem seus sonhos.

Um comentário:

  1. Belo texto... Até me irrito quando penso sobre tal questão, ultimamente tenho tentado fazer algo a respeito, porém percebo que sozinho não sou capaz de praticamente nada. Estarei sempre disposto a encontrar pessoas assim !

    Parabéns, ótimos todos os seus textos !

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