segunda-feira, 26 de julho de 2010

Algumas Defesas



Crianças têm mania de alar que não gostam de algo antes mesmo de experimentarem. Adolescentes e adultos também têm esse problema, mas estas já têm mentes suficientemente formadas para se desapegar da preguiça e dos velhos e maus hábitos, logo, deveriam ter mentes abertas. Mas, como todo vício, é difícil de largar, o que não torna tal conduta desculpável.
Pessoas que querem se passar por intelectuais criticando os modismos são tão ou mais ignorantes do que aqueles que seguem a multidão. Isso não é mais do que seguir outra multidão. Algum tempo atrás me contaram sobre pessoas que estavam repudiando tudo que tivesse relação com “Alice no País das Maravilhas”, só porque o filme do Tim Burton era moda. Tais pessoas simplesmente eram anti-Alice, tanto ao filme quanto à obra original. Talvez o filme não fosse tão bom (eu não gostei), ou talvez o livro que não fosse, mas isso é questão de gosto. Porém, sei que pessoas que falam mal pelo simples fato ser moda existem, e aos montes.
Outro caso é da Stephanie Meyer, autora da série de livros Crepúsculo. Muitos xingam sem nem terem lido o livro ou visto o filme, são do tipo que quer parecer intelectual, mas não passa de um grande idiota. Mesmo que você tenha lido o livro e não tenha gostado, queria que fizesse algumas considerações, que farei agora:
Talvez Crepúsculo não tenha um grande valor literário e esteja destinado a ser esquecido, mas ele não deixa de ter valor para algumas pessoas e, para mim, o livro é um exemplo de romance descrito com realismo. Não pare de ler até terminar a descrição do romance! Pense se não é assim que acontece: primeiramente, a atração física; antes de poder conversa com uma pessoa ou vê-la em ação para poder julgar seu caráter, nós só temos a aparência da pessoa para qualquer parecer. É uma questão simples: se a pessoa é bonita aos seus olhos, ou se não é. A jovem Bella achou bonito o colega de escola Edward,e este, mais do que gostar do rosto da colega, o cheiro do sangue dela o atraiu.
Depois de encontrar alguém agradável aos olhos, as pessoas tentam descobrir se o outro lhe agrada à alma também. Inicia-se uma amizade, descobre-se os gostos, as qualidades e os defeitos do outro, experimentam a companhia um do outro para saber se lha satisfaz.
A ultima etapa é a de descobrir se a pessoa lhe agrada à mente, ou seja, tomar a decisão de amá-la. Bella estava apaixonada por Edward, mas sabia que não seria facil relacionar-se com um vampiro. Ela tinha de fazer uma escolha. No mundo real também pensamos em detalhes parecidos: gostos, crenças, filosofias, dietas diferentes são levadas em questão antes de se decidir por se entregar ou não à alguém.
O romance passou por essas três etapas,ao invés de fazer com que os personagens dessem suas vidas por alguém que eles simplesmente acharam bonito e nem precisaram conversar para descobrir qual é a personalidade do outro, simplesmente sabiam que era sua alma gêmea (conta outra!!). Nisso eu vi realismo na forma como a história foi tratada, e a primeira metade do livro Crepúsculo está na minha lista de livros a serem relidos por valerem a pena (junto do Tão Te Ching, dOs Sofrimentos do Jovem Werther, Admirável Mundo Novo).
O resto da história não me interessa porque eu não gostei da avaentura que começou na segunda metade do primeiro livro, e o que eu gostei (o romance em sí) morreu na primeira parte. Quando me perguntam o que eu acho de CREPÚSCULO,é isso que eu respondo, que a primeira parte, o romance, agradou-me muito, mas o resto eu desgostei. Mas isso ainda é uma questão de gosto: os críticos de cinema vêm na ação e aventura da história algo que tira a atenção do “novelão”.
Gosto muito da série Matrix, e há várias críticas que dizem que o filme não é filosófico porque ele não discute as questões apresentadas, simplesmente as mostra e tenta se passar por filosófico. Eu discordo dessas críticas, só o fato de apresentar uma questão já mostra e leva ao questionamento; talvez falte, sim, trabalhar essas questões, mas o filme tinha questões demais para trabalhar, fora o próprio enredo que tinha de ser resolvido. A Hospedeira (romance da Stephanei Meyer) e o anime Suzumiya Haruhi no Yuuutsu apresentam varias idéias interessantes e relevantes para serem pensadas, mas não as trabalha. Isso torna a obra ruim? Sem duvida seria melhor tais questões fossem desenvolvidas, mas as obras são melhores do que aquelas não que disseram nada.
E o quanto à profundidade de cada obra também diz respeito à quem a experimenta: achei o a versão Tim Burton de Alice vazia,mas uma colega minha viu várias mensagens secretas e inteligentes no filme! Para ela não foi vazio.
Depois de pensar nisso, cada um tem uma escolha a fazer: ser sincero consigo mesmo e com os demais, falando apenas do que sabe; ou enganar a si mesmo, mentir e ser escravo dos outros, seguindo uma multidão. Existem adultos e crianças grandes, mas, se “o sol é para todos, e a sombra, para quem a quer”, decidam-se entre ser autônomo ou perder a própria identidade. Não se deve negar ter experiências novas. Acho mais valido ter uma experiência ruim, mas saber como ela é, do que não correr o risco.

domingo, 25 de julho de 2010

A Ilusão é mais sólida do que a real Verdade, e isso não é nenhum paradoxo!




Por “ilusão” entendemos engano, um fenômeno interno de má interpretação dos fatos. “Ilusão é algo não palpável, como poderia ser sólido? Ou ainda pior: ser mais sólido do que a Realidade?” É interessante que, na filosofia hindu, Maya, ou ilusão, seja também entendida como “Natureza”.
É dito que Buda tornou-se iluminado quando despertou para a Realidade, e que isso consiste em compreender que se vive em um mundo de fenômenos objetivos impermanentes e, por isso, ilusórios. Uma bandeira não se movimenta quando é tocada pelo vento; o vento não se movimenta também, é a mente que se move. Compreender isso é ser desperto. De fato, as circunstancias externas existem e podem se apresentar como obstáculos, mas a mente tem poder sobre a matéria, e, dominando-a, perde-se a ilusão de que há algo que nos controla. Somos responsáveis por nós mesmos. Se tudo passa, não há porque se apegar a algo. O apego (luxuria) é uma ilusão, não existe “meu”.
A Realidade é impalpável, porque é Essência, não Existência, diferente da Ilusão, que é temporária. Nota aos existencialistas: tanto a Essência precede a Existência quanto o contrário; a Essência se manifesta em forma de Existência, e há tanta diversidade que prova como aquela não tem forma, mas se revela de infinitas formas, como se fosse o verdadeiro Nada, pois é Nada Existencial, sim, mas a essência pessoal/objetiva é construída com o tempo, sendo impermanente também.
Quando pensar no mundo objetivo e sólido (fisico), saiba que ele é moldado conforme a mente deseja, saiba que a Natureza é também Ilusão, que ela tenta nos prender a idéias falsas, e que viver feliz significa ter consciência de que tudo passa, tanto as coisas boas quanto as ruins. Saber modelar sua mente para estar preparado para os desafios de Maya é ser Desperto.