terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Desculpas

Olá, à todos.
Na primeira postagem desse blog eu prometi atualizá-lo duas vezes por semana. Semana passada eu não cumpri a promeça, por varios motivos, como por (falta de) saúde.
Desculpem-me.
A gora retornei e pretendo continuar a publicação periódica.
Como não tive condições de escrever semana passada, coloco, em forma de próximo post, um trabalho meu feito ano passado para a escola. Desculpem-me o descaso, mas não tive condições de fazer algo melhor, sério mesmo.
Então, por favor, leiam o próximo post.

Multini.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Hyper Future Vision



“ - Pobres são os humanos que não se aprofundam nas questões importantes, ou tem uma visão tão limitada que não conseguem compreender que existem um mundo inteiro além delas. As pessoas priorizam a sensação direta, rápida e esquecível, não há mais contemplação, reflexão.
- Mas, agora – continuou Raziel, aproximando seu rosto ao de Nathan, fazendo o garoto recuar um pouco – existe muito abaixo da superfície, da sensação direta – ele ergueu a mão direita à altura do rosto de Natanael, com o dedo indicador em riste, como se quisesse indicar algo importante -, e isso é muito mais importante.
- Porém existe algo muito mais valoroso do que aquilo que está abaixo da superfície – seu sorriso maroto estendia-se de uma orelha à outra – que é aquilo que não está lá!
E Raziel voltou à postura ereta, comportada (permitindo á Natanael respirar, o que não significa que ele se sentiu mais confortável assim) – Isso define não só a Sabedoria, como também a Arte.”
Esse trecho foi extraído do livro “Alegoria do Anjo”.

Eu acredito mesmo nisso. O barato da arte (e da sabedoria) é que ela não é óbvia, não é clara, não é direta, mas também é importante, relevante e bela.
No livro “Desvendando Quadrinhos”, o quadrinhista norte-americano Scott McCloud dá importante atenção à noção de “espaço e vazio” na narrativa dos mangás. Noção essa de mostrado-não-mostrado é também estudada na matéria sobre história do anime, do DVD Animatrix.
Por exemplo: a musica “O Pulso”, da banda Titãs. Farei uma curta e grossa descrição da mesma; a letra é composta quase inteiramente por um monte de nomes de doenças, única exceção é o refrão: “e o pulso ainda pulsa”. Não é necessariamente uma musica agradável, mas eu a adoro, justamente por que concordo com a definição de Raziel.
A mensagem está oculta. “e o pulso ainda pulsa” significa que, apezar de todos os males, mesmo com as inúmeras doenças que compõem a letra, ainda estamos vivos, o que abre um leque de possibilidades.
Por baixo da superfície considerada feia, esconde-se uma mensagem bonita, que (na minha opinião) torna a obra ainda melhor, ainda mais bela.
Outro exemplo que eu gosto: Laranja Mecânica. Conheço muita gente que desligaria a TV depois de ver os primeiros 5 minutos do filme – achando a obra uma idiotice só - , e mais gente ainda que não agüentaria nem isso, de tão franco o estômago. Mas a história é uma incrível crítica social, nada sai impune do filme.
É uma obra belíssima, porque a mensagem esconde-se em uma superfície repugnante. Muitas pessoas (a maioria sendo aquelas acostumadas às mensagens pré-prontas e falta de originalidade dos filmes de hoje, sempre com um final feliz, sempre com um romance, usando e abusando de clichês para agradar o grande público) veem esse filme como violência e sexo gratuito e sem sentido.
Falta profundidade nas obras de hoje (ao menos, naquelas que ganham destaque). Elas são feitas para agradar ao grande público, e só, e depois serem esquecidas. Quem já leu a matéria sobre o filme Avatar já sabe o que eu penso.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

A Dúvida de Wittgenstein




Paulo Coelho uma vez contou
Que grandes sábios se reuniram
Para chegar à uma conclusão
Sobre qual seria a mais importante parte
Dentre as partes do nosso corpo.

E essa parte,
Uma Parte Inexistente
O canal que liga
O ouvido à língua
O corpo à mente.

“Se esse canal tiver algum problema
o homem passa a dizer o que não ouviu
e aí, não apenas o corpo fica doente,
mas a alma é condenada eternamente”

Acaso pode a fonte jorrar
do mesmo lugar
aquilo que doce é
aquilo que amargo é?

Perguntou o apóstolo Tiago
Aos cristãos.
Pois assim é a língua, como as palavras
têm com tudo relação.

Elas foram feitas para isso
Elas podem representar tudo aquilo
que aqueles que a dominam quiserem,
assim como pode afetar aqueles que as ouvem
tanto para o bem
quanto para o mal.

Dos ensinamentos de Buda
as palavras têm o poder de destruir e curar
quando verdadeiras e amáveis
podem o mundo mudar.

Assim como também Salomão pregava
Mas ser amável a palavra não precisava
Quantos quase não destruíram o mundo
com palavras que pregavam o terror mais profundo?


Mas é verdade,
Palavras mudam a realidade.
Quantas vezes o saber
Já não se fez se perder
ao longo da história?

E o quanto isso pesou para o mundo?
Isso apaga a nossa glória
E joga nosso orgulho
No que há de mais profundo

Conhecimento é poder,
e o conhecimento é transmitido
por meio das palavras.
Palavras são ferramentas.

São sombras da realidade.
E sombras viram jogos.
Palavras pra brincar
Brinquedos quebram logo.

Por isso a dúvida de Wittgenstein.

A realidade é composta por inúmeros fatos
Para compreendê-los,
Nós os transformamos em imagens mentais
pensamentos que só podem se expressar
ao falar.

Tornando a complexa realidade
algo de grande simplicidade
encontramos a solução final
para todos os problemas filosóficos da humanidade.

Por isso a dúvida de Wittgenstein

Palavras não são más
Palavras não são quentes
Palavras são iguais
Sendo diferentes

Sombras são representações
não são exatas
são ambíguas.
Tão inexatas,
como pode a linguagem ser
O nosso melhor instrumento
para chegar á Verdade?

Por isso a dúvida de Wittgenstein.

Sem falar das diferentes linguagens.
As palavras por si só
já não são confiáveis.
Foi a torre de babel
que complicou ainda mais a situação.

Mas a torre foi construída
Deve-se ao orgulho dos homens.
Humanos são imperfeitos,
distantes da realidade.

Nenhum sistema que criarmos
atingirá a perfeição.
Por isso as palavras,
confiáveis não são.

Por isso a dúvida de Wittgenstein.


By:
Multini