segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Fantasma na Máquina




Realidade e ficção estão muito próximos quando se trata de ciência. Os elementos inovadores das ficções científicas que pareciam tão fantasiosos no século passado hoje estão tão integrados na vida, no cotidiano que até parecem naturais. As histórias hoje impressionam não por sua distancia da realidade, mas por sua proximidade.
A tecnologia não pára de avançar, tanto para o bem quanto para o mal. Quando simples ladrões tiverem as mais mirabolantes e fantásticas maquinas ou os traficantes venderem informações genéticas de políticos e ricos, o que impedirá a policia de se unir à computadores, de contratarem policiais biônicos, ou que pessoas venderem suas mentes para transferi-la para novos corpos em caso de emergência?
Esses exemplos parecem irreais, mas a idéia é assustadora e a ciência caminha em direção a esses objetivos. Na HQ Oceano, de Warren Ellis, pessoas vendem seus corpos, assinando contratos para suas mentes serem temporariamente “desligadas” e ficarem sob o controle do contratante, tornando-se empregados “perfeitos”. Se a parte científica dessa HQ ainda é fantasiosa, ao menos a filosofia é coerente com as idéias da atualidade.
Outro exemplo assustador é o filme Ghost in the Shell, em que os protagonistas são policiais que venderam suas mentes para o governo e receberam corpos biônicos que aumentam seus desempenhos físicos e mentais. E, para poder se divertir nas horas vagas, seus corpos biônicos são capazes de metabolizar bebidas alcoólicas.
Mas a conseqüência para os personagens do filme é a perda da individualidade. O mercado de trabalho procura profissionais qualificados para liderar a mão de obra, mas esta não precisa ter personalidade, tem apenas de cumprir ordens. Ter controle total sobre os empregados é o sonho de quem está por cima deles; a falta de personalidade seria uma qualidade. Dizem que “o livre-arbítrio é uma ilusão criada por aqueles quem tem poder”.
Às vezes parece que o conflito entre humanos e máquinas descrito em tantas histórias, como em “The Matrix” e “Texhnolyze”, já tem suas sementes plantadas. O ser humano está criando a próxima espécie que dominará o planeta depois que o ultimo homem e a ultima mulher morrerem; a ficção científica pode ser mais assustadora do que os filmes de terror.