segunda-feira, 9 de maio de 2011

Egocentrismo no nascimento da Sociologia

Ao longo de toda a História, os pensadores foram, em sua maioria, pessoas financeiramente tranquilas, sem grandes preocupações para sua sobrevivencia, o que lhes permitia refletir. Enquanto os pobres e trabalhadores mantinham o mundo girando, os filósofos discutiam entre sí e sobre sí, ou seja, sempre a partir do próprio ponto de vista. Assim a Sociologia nasceu no egocentrismo, por homens europeus, adultos, abastados, brancos, cristãos, letras. Sullivan Charles Barros, em seu artigo Direito e Diversidade, expõe essa unilateralidade no inicio da Sociologia e seu desenvolvimento ao longo dos séculos.
No mínimo duas vezes o autor repete essa lista de características dos primeiros sociólogos, e reitera algumas delas separadamente ao longo do texto. A Europa foi o centro cultural e econômico do mundo durante vários séculos, garantindo sua supremacia sobre o resto do mundo. Assim os europeus acreditavam-se superiores ao resto do mundo.
Depois o autor comenta o papel das revoluções industriais e francesa na divisão social dos indivíduos. O sistema capitalista só funciona com a dualidade social do dono do capital e o trabalhador que vai consumir (pagando mais caro para o dono do capital) aquilo que ele mesmo produziu.
O dualismo, ou melhor, a diversidade é uma questão importantíssima na sociologia, já que ninguém é igual a ninguém. É a diferença entre indivíduos (e até entre povos inteiros, nações) que movimenta o mundo. Além da relação de trabalho já mencionada, pode-se exemplificar com o sentimento nacionalista, que só ocorre se há outra nação com a qual se contrastar; países se formam quando os indivíduos reconhecem que possuem a mesma cultura (língua e passado comum), uma moeda única e um inimigo em comum (alguém diferente); o militar e filósofo Carl Von Clausewitz afirmou, em seu livro Da Guerra, que a guerra é uma continuação da política; e Otto Von Bismarck viu na guerra a chance que a Alemanha precisava para fazer crescer sua economia. Até mesmo em filmes e desenhos animados é possível perceber a importância política e econômica da guerra, ou seja, da diversidade. O vilão do longa-metragem de animação Os Incríveis enriqueceu produzindo e vendendo armas.
De volta ao artigo Direito e Diversidade, Charles Barros aponta a visão unilateral européia, capitalista e cristã que tornou os demais povos subalternos. Indo além da crítica à exploração daqueles que são diferentes, o autor também discute a questão de quando alguém dentro dos padrões dos dominantes tenta se colocar na situação dos dominados, alegando que quem faz isso apenas usa o outro para uma reflexão sobre si.
O autor conclui o texto alegando que aceitar as diferenças não é tentar se colocar no lugar do outro, mas fazer com que todos, sem distinção por idade, sexo, etnia, religião, tenham as mesmas oportunidades sociais (isso é: no mercado de trabalho, da educação, nos locais de lazer e em todos os locais e instituições).