sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Imagem do medo



“Não há nada a temer exceto o próprio medo”, essa frase não é apenas uma tentativa de encorajamento, mas uma idéia tão profunda, que quem conhece suas verdadeiras possibilidades pode até mesmo temê-la. Perdoem-me os spoilers (revelações de enredos de filmes, livros e HQs) que estarão por toda essa matéria.
No filme “quem somos nós”, baseado no livro homônimo, é dito que “não nos apaixonamos por uma pessoa, mas pela expectativa”. O mesmo vale para o medo, uma imagem, uma idéia, é suficiente para causar tantos males quanto a fonte de medo em sí. Basta pensar no filme/livro “Anjos e demonios”: a idéia de forjar um ataque de um grupo inimigo da igreja, os Iluminati, era que o medo seria suficiente para juntar os fiéis de todo o mundo, dando forças para que a religião continuasse viva num mundo em que a ciência possui todas as respostas.
Tal plano não funcionou, mas porque foi descoberto antes de ser finalizado. Há ainda o exemplo da HQ “Watchmen”, de Allan Moore e Dave Gibbons, ambientado na Guerra Fria, em que, para unir o mundo dividido entre as ideologias capitalistas e socialistas e evitar a morte de bilhões em uma Terceira Guerra Mundial, o “vilão” (entre aspas porque, ao mesmo tempo, ele é um herói, se assim você puder julgá-lo) faz com que as pessoas acreditem que haja uma terceira ameaça, vinda do espaço. Temendo um ataque extra-terrestre, ambos os lados deixaram suas diferenças de lado e se uniram para proteger a Terra de um mal externo.
Talvez criar uma imagem que dê medo às pessoas possa ser um simples jogo de palavras. Christopher Goodman, o clone de Jesus Cristo na série de livros “O Clone de Cristo” (ah vá!), soube reinterpretar as ações de Deus (que, na série é o vilão) para fazê-lo parecer algo que não era.
V, de “V de Vinguança”, usou um programa de TV e o mesmo jogo de palavras para tirar a imagem de medo que as pessoas tinham do governo fascista em que viviam. É de se pensar no quanto as imagens são criadas por manipuladores que possuem (ou encontram) oportunidades para fazer valer como verdade os pontos de vista quem mais lhes convêm.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Segunda Parte: Relação indivíduo e ambiente




“Os olhos de um ser humano não servem apenas para enxergar o mundo que está diante dele, serve também para refletir a si mesmo ao mundo exterior.” – Hideo Yamamoto, “Homunculus”

Nesse texto entende-se por “ambiente” todas as informações que um indivíduo recebe em um determinado espaço, tempo, pessoas e objetos, sua interação com tudo que o cerca. O local, a situação, as pessoas e tudo o mais são fontes de informação que o indivíduo usa para formar sua noção do mundo.
As informações são simplesmente lançadas no ar, e cada um, ao entrar em contato com essas informações, absorve-as e as interpreta através do cérebro, que usa as experiências (bagagem mental: cultura, memórias, conceitos) como base para esse trabalho.
Em se tratando de um ser já formado, que possui experiências próprias e um conceito de individualidade e identidade já definidos, a interpretação das informações não é imparcial, mas usa como base tudo aquilo que a pessoa já conhece.
Um exercício simples, mas eficaz: quando uma pessoa não se sente bem, as coisas ao redor dela não lhe parecem tão agradáveis quanto seriam se ela estivesse melhor. Isso porque ela interpreta as informações que recebe com base no que ela é ou sente. Logo, se está bem, tudo está bem, e vice-versa. Esse é o poder da interpretação.
Viver é sinônimo de interação, que leva a interpretações daquilo com que se interage. Paz de espírito é a capacidade de aceitar as coisas como são, mesmo os males e as limitações, que fazem parte da vida, e devem ser aproveitados como forma de crescer.
Quanto sofrimento poderia ser evitado se as pessoas parassem de julgar tanto e aceitassem melhor que há pontos de vista diferentes? Ou se percebessem que a forma como elas escolhem encarar as situações influem no modo como tudo irá se desenrolar? As situações servem para descobrirmos mais sobre nós mesmos, devem ser usadas para aprender. O poder da escolha molda a o ambiente ao redor do indivíduo.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Relação indivíduo e ambiente


Primeira Parte: o Indivíduo
“Ao que nos compete discernir, o único propósito da existência humana é lançar uma luz nas trevas do mero ser.” – C. G. Jung “Lembranças, sonhos e reflexões”


A primeira parte do trabalho é, antes, uma introdução ao tema do que uma abordagem direta. Antes de se discutir sobre a relação do indivíduo com o ambiente que o cerca é necessário ter noção do que é o indivíduo. Dois pontos de vista serão comentados aqui: o exposto pelo cantor Oswaldo Montenegro em sua musica “Metade”, e a proposta por Alice Jamieson em seu livro “Hoje eu sou Alice”.
“Que o espelho reflita meu rosto num doce sorriso/ que me lembro ter dado na infância/ pois metade de mim é a lembrança do que fui/ a outra metade não sei”, esse trecho da musica “Metade” define o ser humano dividindo-o em duas partes. As lembranças são parte importantíssima da individualidade, representam as experiências que apenas aquele indivíduo tem, é o registro do seu ponto de vista do mundo. E se a primeira metade é a lembrança do que se foi, a segunda metade, que o artista não sabe o que é, é o Eu do momento, a pessoa consciente no instante em que age. Esse Eu só existe por um momento, mas é importantíssimo, pois é o que age, o que toma decisões.
Levemos em conta essas duas metades propostas por Oswaldo Montenegro como apenas dois quartos da essência do ser humano. As outras duas partes foram propostas também como metades do ser humano por Alice Jamieson em seu livro autobiográfico “Hoje eu sou Alice”. Ela sugere que as pessoas são formadas por suas escolhas e pela forma como lidam com as consequências destas. Escolhas e consequencias, características que serão consideradas, ao longo dessa dissertação, como os dois últimos quartos que compõem a essência humana.
A trama da série de livros infanto-juvenis “Harry Potter” desenvolve-se com base no preconceito que a comunidade bruxa tem de todos aqueles não-bruxos. (que inclui, além dos humanos normais, todos os seres imaginários que compõem a mitologia da obra, contanto com gigantes, elfos, dragões, entre muitos outros) O verdadeiro herói da série (não, não é o Harry Potter, ele é só um instrumento) é também o que carrega o peso do estereótipo de velho sábio, Alvus Dumbledore. É ele quem representa (e luta pelo) ideal de bem na história, sendo um crítico severo à visão de supremacia dos bruxos. Sua filosofia é de que “mais importante do que as características com que uma pessoa nasce, são as decisões que ela toda ao longo da vida”. Dumbledores tenta deixar claro (eficientemente) sua convicção de que o ambiente em que uma pessoa vive não é mais importante na formação do caráter dela do que as escolhas que ele toma enquanto cresce.
Quanto às consequencias das escolhas, é algo natural desse mundo regido pela lei de causa e efeito. Na comunidade do Orkut “eu não tenho livre-arbítrio”, as pessoas se justificam com frases vazias de que “não posso ser quem eu sou porque a sociedade não me deixa.” O problema dessas pessoas não é o externo, mas, sim, interno, o que as impede se serem “o que realmente são” é o medo de enfrentar as consequencias que isso trará. Nada mais. O ambiente é muito influente na determinação do caráter do indivíduo, mas não é determinante, enquanto houver possibilidade de escolha. Dizem que é preferível morrer livre do que viver escravo (o inverso também é muito dito), essa é uma questão tão radical de valores que pode definir a história inteira da pessoa que se faz esse questionamento, mas ainda é uma escolha que faz toda a diferença, então ainda é possível manter sua liberdade e, logo, sua identidade. Mesmo quem toma a decisão fácil e abdica de sua personalidade para ser “aquilo que a sociedade estabelece” também sofre as consequencias de sua escolha: a perda da própria identidade.
As quatro bases da essência humana são a bagagem cultural (lembranças, como disse Oswaldo Montenegro), o ego, as decisões e as consequencias. A lembrança de tudo que uma pessoa foi será sintetizada ao Eu do momento por uma escolha, e o que resultará disso é a consequencia. Está definido o indivíduo.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

O poder para revolucionar o mundo



A mídia controla a forma como as pessoas veem a realidade, ela interpreta os fatos, é parcial, revela só aqui que lhe é conveniente e oculta o resto. Quem é cômodo o bastante para aceitar o que vê em um único noticiário da TV, sem procurar por outras fontes de informação, ou se recusa a pensar criticamente, será manipulado pela mídia, por aqueles que tem poder.
Essa manipulação da realidade por parte da mídia é bem ironizada no filme “Chicago” (baseado no musical homônimo). Billy Flynn, advogado e co-protagonista, compara a realidade a um circo: basta fazer um show que agrade às pessoas, e elas aceitarão como verdade. No filme, em que ele é advogado de uma mulher que matou o amante, que a iludiu dizendo que a tornaria uma estrela da música, ele tenta criar a imagem de que sua cliente é uma mulher boa, arrependida, religiosa, boa samaritana, entre outras mentiras.
A realidade é manejável, e quem tem poder faz dela o que quiser. Na HQ Watchmen (do britânico Alan Moore), por exemplo, ambientada na Guerra Fria (porque foi escrita durante ela), há o personagem chamado Dr. Manhatan, o primeiro e único super-ser do mundo onde acontece a história. Dr. Manhatan era apenas um cientista, mas, depois de um acidente com um experimento nuclear, ganhou poderes sobre-humanos. Ele acaba sendo usado por seu país (EUA), como símbolo do poder americano, por isso recebe esse nome, segundo ele “eles explicam que o nome foi escolhido pelas imagens agourentas que despertará nos inimigos da América. Estão me transformando em algo vistoso e letal...”
Os símbolos que a mídia usada para mostrar a sua interpretação da realidade são ainda mais explorado no decorrer da HQ de Alan Moore. Referindo-se ainda ao Dr. Manhatan, a mídia popularizou a frase “o super-homem existe, e ele é americano”, aumentando a imagem da supremacia dos EUA. Depois disso, a história mostra uma entrevista com o cientista que criou a tal frase, mas ele a nega, falando que nunca disse que “o super-homem existe”, mas sim “Deus existe, e ele é americano”. Ele até diz que o medo que essa frase pode causar é prova de que as pessoas que o sentirem ainda estão sãs. ( dá medo mesmo....)
De fato, os humanos aceitam uma série de símbolos como verdadeiros. Fernando Reinach, biólogo, escreveu uma matéria para o jornal Folha de São Paulo que dizia respeito a um experimento suíço que resultou na descoberta sobre o “porque os políticos fazem plástica antes da eleição” (nome da matéria). Como o cérebro humano não se desenvolveu de forma a poder escolher um líder com quem nunca interagiu, os métodos para escolher os políticos são primitivos, as pessoas são levadas a escolher pela imagem física da pessoa.
Mas, não só através de símbolos a mídia pode ser usada para manipular, e até controlar, a população. Outro caso tirado da ficção, na HQ Transmetropolitan, de Warren Ellis, protagonizada por um jornalista radical, que consegue, no primeiro arco da história, parar uma repressão policial, publicando, em tempo real, um texto que relatava as atrocidades e as injustiças políticas que estava acontecendo; o governo teve de mandar os policiais pararem a repressão, graças à matéria que o jornalista escreveu e foi publicada na internet e nos maiores canais de TV da história. Assim, sem hesitação ou piedade, Spider Jerusalém, protagonista da HQ, ataca organizações, políticos e religiões, sempre pela verdade e justiça, apesar de ser extremamente radical, também não se importando em resolver seus problemas com violência ou manipulação.
Um artista uma vez escreveu algo como “a mídia diz o que ouve, não o que houve”, ela sabe manipular informações para fornecer a interpretação da realidade que ela quiser, para colocar diante dos olhos das pessoas um mundo irreal, cujos símbolos, ironicamente mais atraentes do que a realidade, tem mais peso e força do que a verdade.A idéia de transformar a verdade em um circo de acordo com a vontade de quem tem poder é bem expressa em uma cena do filme O Corcunda de Notre Dame, da Disney, quando Quasimodo e o cavaleiro Febo estão para ser mortos pelos ciganos, e o líder, que vai matá-los em uma exibição, canta “sua inocência podemos ver, o que é ainda pior.... Pois ainda vão morrer!”

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

O preço de se obter o que se deseja...


Há uma confusão geral entre o que trás “felicidade” e o que é “melhor”. O anseio de se sentir bem faz com que as pessoas ignorem a importância do sofrimento, da tristeza, da desilusão. Não, esse texto não é um manifesto a favor do masoquismo, mas uma consideração: se houvesse maior valorização desses assim chamados males não haveria tantas vidas perdidas com drogas e brigas, não haveria tanta competição, a vida seria mais leve, muito mais.
Dizem alguns filósofos que a vida é sofrimento, porque desejamos algo e sofremos por não tê-lo e, se viermos a obter o que desejamos, logo desejaremos outra coisa, voltando a sofrer. Sabe-se também que nada é eterno, bens estimados podem quebrar, se perder ou ser roubados, assim como as pessoas vem e vão. Formas de sofrimento são tão variadas quanto de felicidade.
“O que ganho eu, se obtenho o que desejo? Um sonho, um alento, uma espuma de alegria fugaz. Quem compra um minuto de deleite para chorar uma semana? Ou vende a eternidade para obter um brinquedo?” (Shakespeare) Ter tudo aquilo que se pode desejar faz mal ao ego, mima e faz a pessoa pecar por orgulho e ganância. E há coisas que simplesmente não podem ser obtidas. A idéia de pose por si só já é uma perversão.
Estar vivo é estar suscetível a dor, mas não há nada de errado nisso. Deve-se aceitar que a dor ajuda a amadurecer, que a desilusão ensina que não se deve julgar (apenas viver), e o sofrimento nos dá compaixão.
Se as pessoas aceitassem que há ganhos e perdas, vida e morte, sorte e acidentes, bem-estar e doenças, não se apegariam a drogas, não se alienariam, nem seriam tão vingativas. A falta de males não é nada benéfica.
Não se deve se preocupar com o que é inevitável ou impermanente, deve-se aceitar isso como natural, pois é. E se fugir da dor não é bom, deve-se aceita-la também, aproveitá-la. Como diz a musica dos Titans “fugir da dor é fugir da própria cura.”
A paz de espírito supera a alegria e a tristeza. Se a felicidade sublime pode ser descrita, ela será comparada à paz de espírito.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Fantasma na Máquina




Realidade e ficção estão muito próximos quando se trata de ciência. Os elementos inovadores das ficções científicas que pareciam tão fantasiosos no século passado hoje estão tão integrados na vida, no cotidiano que até parecem naturais. As histórias hoje impressionam não por sua distancia da realidade, mas por sua proximidade.
A tecnologia não pára de avançar, tanto para o bem quanto para o mal. Quando simples ladrões tiverem as mais mirabolantes e fantásticas maquinas ou os traficantes venderem informações genéticas de políticos e ricos, o que impedirá a policia de se unir à computadores, de contratarem policiais biônicos, ou que pessoas venderem suas mentes para transferi-la para novos corpos em caso de emergência?
Esses exemplos parecem irreais, mas a idéia é assustadora e a ciência caminha em direção a esses objetivos. Na HQ Oceano, de Warren Ellis, pessoas vendem seus corpos, assinando contratos para suas mentes serem temporariamente “desligadas” e ficarem sob o controle do contratante, tornando-se empregados “perfeitos”. Se a parte científica dessa HQ ainda é fantasiosa, ao menos a filosofia é coerente com as idéias da atualidade.
Outro exemplo assustador é o filme Ghost in the Shell, em que os protagonistas são policiais que venderam suas mentes para o governo e receberam corpos biônicos que aumentam seus desempenhos físicos e mentais. E, para poder se divertir nas horas vagas, seus corpos biônicos são capazes de metabolizar bebidas alcoólicas.
Mas a conseqüência para os personagens do filme é a perda da individualidade. O mercado de trabalho procura profissionais qualificados para liderar a mão de obra, mas esta não precisa ter personalidade, tem apenas de cumprir ordens. Ter controle total sobre os empregados é o sonho de quem está por cima deles; a falta de personalidade seria uma qualidade. Dizem que “o livre-arbítrio é uma ilusão criada por aqueles quem tem poder”.
Às vezes parece que o conflito entre humanos e máquinas descrito em tantas histórias, como em “The Matrix” e “Texhnolyze”, já tem suas sementes plantadas. O ser humano está criando a próxima espécie que dominará o planeta depois que o ultimo homem e a ultima mulher morrerem; a ficção científica pode ser mais assustadora do que os filmes de terror.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Censura Branca

Recebi esse e-mail esses dias, achei-o importante e pensei que seria bom divulgá-lo aqui no blog. Sintam-se a vontade para divulgá-lo também:

O problema é sério, principalmente porque o governo de plantão (e bota plantão nisso), domina a arte da propaganda e de transformar mentira em verdade, além de desvirtuar dados, informações e outros quesitos mais. Sabem de tudo, menos é claro, das trapaças, marucutaias e dossiês nascidas em seus próprios gabinetes e das quebras de sigilo. Não podemos esquecer da influência do ídolo cubano e amigos.
Mas, a oposição (qual) é a grande culpada, não informa, não tem planos e pelo visto nem discurso. Os eleitores (a grande maioria), não tem informação, educação e conhecimento para discernir, liberdades a perder, voz a calar, quanto menos sigilo fiscal e bancario.


A COISA ESTÁ FICANDO PRETA. PATRULHAMENTO GERAL

O primeiro jornalista a sofrer cerceamento do direito de bem informar, em consequência dos seus verdadeiros, contundentes e procedentes comentários contra os desmandos do atual governo, foi o Boris Casoy. De acordo com o noticiário da época, ele foi demitido a pedido do próprio Lula.
Entretanto, a coisa vem se agravando de maneira avassaladora e perigosa. Vejamos:
O Programa do Jô tirou do ar (sem dar qualquer satisfação ao público) o quadro "As Meninas do Jô", que era apresentado às quartas-feiras, onde as jornalistas Lilian Witifibe, Ana Maria Tahan, Cristiana Lobo, Lúcia Hippólito e, por vezes, outras mais, traziam a p úblico e debatiam todas as falcatruas perpetradas por essa corja de corruptos que se apossou do País. As entrevistas sobre temas políticos não têm sido mais levadas a efeito, atualmente. Virou um programa de amenidades e sem qualquer brilhantismo.
O jornalista Arnaldo Jabor, considerado desafeto pelo governo atual, vem sofrendo, de forma velada e sistemática, todo tipo de retaliação. Já foi processado, condenado, amordaçado e por aí vai. Sua participação diária às 07h10 na Rádio CBN tem se limitado a assuntos sem a relevância que tinha, haja vista que está impedido de falar sobre assuntos qu e envolvam a política nacional e o atual governo.
A jornalistaLúcia Hippólito, que tinha uma participação diária às 07h55 na Rádio CBN, não está mais ocupando o microfone da emissora como fazia e nenhum comunicado foi feito pelo âncora do horário, o jornalista Heródoto Barbeiro. Sorrateiramente, colocaram-na como âncora em outro horário, em que enfoca matérias mais amenas e sem a habitual, verdadeira e procedente contundência.
Diogo Mainard, da Revista Veja, além de processado, vem sofrendo várias ameaças de morte por parte do jornal do MR-8 (que faz parte da base aliada ao Lula) e de integrantes dos chamados "Movimentos Sociais".
O jornal "Estadão" de São Paulo está sob forte censura governamental há pelo menos 200 dias.
Pelo que se vê,Fidel Castro está fazendo escola na América do Sul.
O primeiro a colocar em prática esses ensinamentos,aniquilando o direito de imprensa, foi Hugo Chaves, e, pelo andar da carruagem, o nosso PresiMENTE está trilhando o mesmo caminho .
Constitucionalmente:
Onde está o ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO?
Onde está o
LIVRE DIREITO DE MANIFESTAÇÃO?
Onde está a
LIBERDADE DE EXPRESSÃO?
Onde está a
LIBERDADE DE UMA NAÇÃO?
Este poema diz muito sobre a atualidade < span style="FONT-SIZE: 10pt; COLOR: #3366ff; FONT-FAMILY: Tahoma">
Poema DA MENTE
Affonso Romano de Sant`Anna

Há um presidente que mente,
Mente de corpo e alma, completa/mente.

E mente de maneira tão pungente
Que a gente acha que ele mente sincera/mente,
Mais que mente, sobretudo, impune/mente...

Indecente/mente.
E mente tão nacional/mente,
Que acha que, mentindo história afora,
Vai nos enganar eterna/mente.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Mundo Cão

Você pode se iludir
Mas ilusão custa caro
Pode até se divertir
Como um animal adestrado
Você tem direito a ter um advogado
Você pode falar
Mas é melhor ficar calado

A verdade é cruel
Mas é melhor que seja dita
Eu vou cuspir pro céu
Que ao menos me refresca a vista
Você pensar o que bem entender
Mas é melhor tomar cuidado
Que alguém pode se ofender

Mundo cão, mundo cão
Não estou vendo nada novo
Mundo cão, todos estão
Com uma coleira no pescoço

Ninguém mandou ficar de quatro

Você pode ir em frente
Mas não pode olhar pros lados
Pode até comprar
O que não queria ter comprado
Pode ter razão
Mas não pode estar certo
Você pode se mexer
Mas é melhor ficar quieto
A verdade liberta
A verdade é essa
Você pode querer mais
Mas tudo tem a dose certa
Pode reclamar
Ninguém tem nada a ver com isso
Pode ler o que quiser
Mas vou queimar todos os livros

Mundo cão, mundo cão
Não estou vendo nada novo
Mundo cão, todos estão
Com uma coleira no pescoço

Você pode gritar
Você pode latir
Pode aguardar na fila
Não adianta insistir
Pague os impostos
Vá brincar no quintal
Finja-se de morto
Obedeça o sinal
Faça o favor de não falar
Faça o favor de se humilhar
Pode esperar a sua vez
Não adianta reclamar
Vá pegar o jornal
Compareça à audiência
Leve uma vida normal
Vá brincar, role no chão

Mundo cão, mundo cão
Não estou vendo nada novo
Mundo cão, todos estão
Com uma coleira no pescoço

Ninguém mandou ficar de quatro






Sabe aquele CD que você adorava ouvir quando era menor, mesmo não tendo consciência do que as musicas realmente queriam dizer, e, depois de um tempo, você o coloca para tocar só por lembrar que gosta, e surpreende-se com a profundidade daquelas musicas? Pois bem, já sabem como eu me senti esses dias...

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Multiculturalismo na Sétima Arte



A época atual é chamada de Era da Informação, graças ao advento da internet; e deve-se a isso o fenômeno da globalização. Informações de todos os tipos podem ser encontradas facilmente; são detalhes das antigas religiões da Índia e da China, até os últimos avanços da ciência; passando por toda a literatura que restou desde os tempos remotos até hoje, rituais exóticos, filosofias de Buda e Platão até Sartre e Humberto Rohden. Mundos inteiros agora na palma da mão de quem tem um celular de última geração; artistas agora tem muito mais material de referencia do que serão capazes de usar em anos.
Culturas de diferentes épocas e diversos paises são usadas em conjunto no cinema e nos quadrinhos; de formas simples como filmes de época como “O Ultimo Samurai” ou a história de ninjas dos irmãos Wachowski; ou adaptações de obras japonesas para o cinema estadunidence, como “O Chamado” ou “Speed Racer”, e as intenções do ator e produtor Leonardo DiCaprio em adaptar o clássico de animação japonesa “Akira”, e James Cameron querendo fazer a sua versão cinematográfica do mangá “Gunn- Batlle Angel Alita”.
Um grande passo para o sincretismo cultural no cinema foi a Trilogia Matrix. A história-base do personagem Neo (Keanu Reeves) é claramente inspirada na alegoria do homem que saiu da caverna onde viveu a vida toda e pôde, assim, ver o mundo tal como ele é, e descobrir que as sombras na parede que ele aprendeu a encarar como verdadeiras eram, na realidade, ilusões. E as máquinas que mantinham as pessoas presas na “caverna” são o Demônio Maligno proposto por Descartes.
Quando está para sair da Matriz, o personagem Cypher alerta Neo: “Aperte os cintos, porque o Kansas vai sumir do mapa”, numa clara referencia ao clássico infantil “O Mágico de Oz”. Críticos de cinema relacionam Cypher a Judas, por ambos terem sido traidores, e o nome do personagem teria se originado do nome de Lúcifer, o anjo que se rebelou contra Deus, reforçando as menções bíblicas.
Na mesma cena, antes de ver a Realidade, Neo toca em um espelho, e se torna o espelho. A idéia vem dos ensinamentos do budismo, segundo o qual a mente deve ser como um espelho, que apenas reflete o que está à sua frente, sem julgar. A certa altura do filme, Neo encontra um garoto vestido como monge budista, que lhe passa mais algumas mensagens da tal religião.
Não é só o cinema dos Estados Unidos que busca no Oriental material de referencia, os animes e mangás (animação e quadrinhos japoneses, respectivamente) também usufruem da cultura ocidental. Os animes “Neon Gênesis Evangelion” e “Ergo Proxy”, e o mangá FullMetal Alchemist são ótimos exemplos. Evangelion, que Hollywood tenta há anos produzir uma versão própria, apesar de ser japonês, usa e abusa de elementos da filosofia nascida na Europa e da religião cristã.
Na história, em que monstros gigantes atacam o planeta, cada um desses entes recebe o nome de um anjo, e, para proteger a Terra, são feitos clones de Adão, o primeiro anjo, que recebem o nome de Evas ou Evangelion. Um dos anjos que aparece mais tarde na série chama-se Lilith, suposta primeira esposa de Adão em certa vertente da mitologia cristã, e uma arma usada contra os anjos é uma lança gigante chamada Lança de Longinus. Longinus seria o soldado responsável por matar Jesus Cristo.
O anime, que é profundamente filosófico, não deixa de fazer insinuações à teorias como o eterno retorno proposto por Nietzsche, ou o sistema Sephroth (a Árvore da Vida da Cabala). No capítulo em que um anjo tentar entrar na mente de um dos personagens, fazendo com que a pessoa fique extremamente desesperada, recebe o título de “Doença até a Morte”, como no livro do filósofo Kiekegaard, “O Desespero Humano (Doença até a Morte)”, de 1849.
Ergo Proxy, como é possível notar, tem seu nome inspirado na célebre frase de René Descartes, “cogito, ergo sum” (penso, logo existo). Outras referencias são a Alegoria da Caverna, de Platão, base do roteiro; o filme “City Lights”, de Chaplin, que na história aparece como uma biblioteca com esse nome, onde o dono fala do significado de palavras gregas e cita filósofos como Rousseau, num capítulo introspectivo; mitologia grega, com o personagem Dédalos (pai de Ícaro, confeccionou dois pares de asas feitas de cera para poder voar, mas seu filho voou alto demais e teve a cera desfeita pelo Sol), no anime, desprezado por sua amada, Dédalos fez um clone alado dela, mas ela, ouvindo a voz do “Criador”, foi até o seu encontro, no céu, mas suas células eram intolerantes à luz, e acabou morrendo. Essas células são chamadas de “amrit”, que na mitologia hindu, é uma bebida que concede imortalidade a quem a toma.
Basta um pouco de pesquisa para encontrar as diversas menções que um filme ou série faz a culturas de lugares distantes. O cartoon (desenho animado estadunisdense) “Avatar- O Ultimo Dominador de Ar” trás religiões orientais, estilo de anime, o Mundo das Idéias de Platão e o mundo criado por Tolkien em “O Senhor dos Anéis”. No filme “Avatar” de James Cameron, os avatares e navis são azuis porque a palavra avatar é de origem sânscrita, e designava as encarnações do deus da vida, Vshinu, que é representado como tendo a pele de cor azul, e sua mais famosa encarnação, Krishna, era azul também. Os filmes da Disney “O Rei Leão” e “O Rei Leão 2” tem seus enredos baseados nas obras shakespearianas “Hamlet” e “Romeu e Julieta”, respectivamente, e “Atlantis” dispensa comentários. “Bewolf”, além de filme, é uma lenda de culturas antigas. Já foram feitas várias versões cinematográficas de “O Fantasma da Ópera”, das obras de Lewis Carrol (autor de “Alice no País das Maravilhas” e “Alice através do Espelho”) e Homero (suposto autor da “Ilíada” e “Odisséia”), e as histórias do rei Artur e os cavaleiros da Távola Redonda. Bruxos, vampiros e lobisomens são personagens que estão constantemente nas telas (vide “Harry Potter” “Crepúsculo” “Anjos da Noite” “Um Lobisomem Americano na França” “Dracula” entre muitos outros).
O antigo conceito da filosofia hindu do Registro Akashic tomou forma hoje, e todo o conhecimento e feitos da humanidade estão acessíveis. Prato cheio para os artistas de todas as faculdades, principalmente os cineastas, da arte mais popular da atualidade.

sábado, 14 de agosto de 2010

O Grande Irmão te observa. Aprenda a ficar invisível.



Essa frase é da HQ de Grant Morrison, “Os Invisíveis”, que, por sua vez, foi inspirada no clássico de ficção distópica de George Orwell, 1984 . Motivo pelo qual estou fazendo essas citações: nós, seres humanos, não exercemos nosso livre-arbítrio, somos controlados. Por quem? Não por uma pessoa (possivelmente), mas um sistema que já tomou conta de nossas vidas.
Estou falando de Alienação, agimos sem saber o porquê de estarmos fazendo tal coisa. O Grande Irmão, o Vírus-Cidade, a Matriz, a Política e a Economia, a própria vida mecanizada e sem reflexão, são diferentes noções de alienação.
Há um Fluxo guiando-nos. Para onde, ainda é incerto, porém as teorias não são otimistas. Sair do Fluxo é aparentemente impossível, afinal, tudo está ligado a tudo, humanos conectados uns com os outros e com tudo mais que existe, possuímos uma responsabilidade inata para com tudo que há.
Isso significa que seguir o fluxo é bom ou ruim? A resposta é incerta, então o mínimo que se deve ter é a consciência desse Sistema. Como obter essa consciência? Esse é o tema do blog Blidance, Dança de Cegos. “Think yourself, question authority” é o seu lema.
Várias vezes, em conversas com amigos e colegas, disseram-me que é muito difícil encontrar pessoas inteligentes e boas para se relacionar e conviver. Sempre respondi que isso é mentira, que pessoas que valem a pena ter por perto (tanto pelo carisma quanto pelo intelecto) são muitas e estão bem espalhadas por ai, basta abrir bem os olhos. Talvez eu tenha sorte por encontrar tantas pessoas assim, o que eu me recuso a acreditar.
Assim como o objetivo desse blog é tratar de vários temas sob um ponto de vista crítico e filosófico, Dança de Cegos discute as várias formas de manipulação, estuda o Fluxo, e procura uma forma de se libertar.
“The Matrix hás you.” Liberte-se do controle, todos tem direito a vida, faça-o valer, faça-a valer. Talvez seja mais fácil fazê-lo se você tiver um guia. Apresento-lhes a tal guia, agora a escolha de segui-la Fluxo a fora é de vocês.
http://blindance.blogspot.com/


Esse post é dedicado à Beatriz.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Bienal do livro 2010



Começando amanhã, dia 12 de agosto,a Vigésima primeira Bienal Internacional do Livro de São Paulo!!
http://www.bienaldolivrosp.com.br/
Bienal Internacional do Livro de São Paulo é o grande momento do livro no Brasil. É palco para o encontro das principais editoras, livrarias e distribuidoras do país, que preparam seus lançamentos para esse período.
Um local de bons negócios! Atrai jornalistas, empresários e escritores do mundo inteiro e com ótima visibilidade na mídia.
Além da larga oferta de livros, a Bienal do Livro oferece uma intensa programação cultural, desenvolvida para despertar o gosto pela leitura em mais de 700 mil pessoas, entre crianças, jovens e adultos. Algumas atividades estão previstas para personalizar ainda mais a programação, durante os 11 dias do evento.
Os números iniciais já permitem antever que a 21ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo será um marco na história das Bienais. Alguns deles:
350 expositores nacionais e estrangeiros, representando mais de 900 selos editoriais
Público esperado acima de 700 mil pessoas
Visitação escolar programada para receber mais de 180 mil estudantes do Ensino Fundamental e Médio

21ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo
Data e Horário:
Dia 12 de Agosto: das 10h às 22h
- Exclusivo para os profissionais do setor literário
Dia 13 de Agosto: das 10h às 22h PROMOÇÃO ESPECIAL!*
- Público em geral
Dias 13 a 21 de Agosto: das 10h às 22h
- Público em geral

Dia 22 de Agosto: das 10h às 20h, com entrada só até às 18h
- Público em geral

*PROMOÇÃO ESPECIAL! Entrada gratuita para quem comparecer ao evento fantasiado do seu personagem favorito.
Para validar a sua entrada na Bienal do Livro é obrigatório apresentar uma foto do personagem representado.

Local:
Pavilhão de Exposições do Anhembi
São Paulo, SP

Ingressos: vendas apenas na bilheteria da Bienal do Livro de São Paulo
Entrada inteira – R$ 10,00
Meia-entrada – R$ 5,00**

**Os estudantes devem apresentar documento de identificação estudantil com data de validade. Caso no documento apresentado não conste data de validade, deverá ser apresentado outro que comprove a matrícula ou a frequência no ano letivo em curso acompanhado de carteira de identidade.

Os idosos, acima de 60 anos, não pagam ingresso apresentando carteira de identidade para comprovação.

Menores de 12 anos não pagam.

sábado, 7 de agosto de 2010

Arte sobre Arte



O que lhe vem à mente quando ouve a expressão “arte pela arte”? Quando meu professor de literatura me fez essa pergunta, pensei no quadrinhista inglês Allan Moore. Para quem não o conhece, tente se lembrar dos filmes “A Liga Extraordinária”, “Watchemen” ou “V de Vingança”. Todos ótimos filmes, que foram baseados nos quadrinhos criados e escritos por Moore.
Por que pensei nele? Considero Moore o que o quadrinhista norte-americano Scott McCloud chama de Formalista. Classificando as quatro culturas/valores dos artistas de quadrinhos (e também dos artistas em geral), McCloud assim descreveu os formalistas: “(...) (possuem/demonstram) devoção aos quadrinhos (à forma de arte escolhida) em si, à descoberta do que a forma quadrinhística (arte escolhida) pode fazer. A ansiedade de virar os quadrinhos (a arte) pelo avesso, de ponta-cabeça, num esforço de compreender mais plenamente seu potencial. A disposição de deixar que a arte e a história ocupem um papel secundário, se for preciso, na busca por novas idéias capazes de mudar os quadrinhos (a arte) para melhor.”
Allan Moore nunca deixou o roteiro de suas obras em segundo plano (suas histórias são de complexidade, profundidade e qualidade quase incomparáveis), mas sua característica mais marcante é a disposição “para virar os quadrinhos pelo avesso”: hQ é uma mídia muda, o que não o impede de escrever um capítulo que é guiado pelo som do piano ( como acontece em “V de Vingança”); imagine 22 paginas de quadrinhos, em que as informações da história, assim como falas de personagens, são dadas por propagandas de televisão (também em “V de Vingança”), ou uma pagina em que o enquadrinhamento é dado pelo mapa de uma cidade (Promethea)! Uma de suas obras mais importantes, “Watchmen”, ficou famosa por, entre (muitas) outras coisas, usar no mainstream elementos do underground.
Essa vontade de explorar a arte para saber o que ela é capaz de fazer que é “arte pela Arte”. Devo admitir que fiquei decepcionado quando meu professor de literatura explicou o Parnasianismo. Foi feito um ótimo trabalho, bonito, mas os ideais estavam errados, eles não fizeram arte pela arte, mas arte sobre arte. Não a exploraram, mas a limitaram em uma estrutura rígida; não quiseram saber do que a poesia era capaz, usaram-na para exaltar a escultura.
Algum tempo atrás vi o filme “Utena Revolutionary Girl” (ou “Adolescence of Utena”). Não foi um dos melhores filmes que já vi, não foi para a lista de favoritos nem de recomendados, mas foi uma das histórias mais subjetivas que pude conhecer até agora. Não tinha nenhuma mensagem explicita na obra, mas o objetivo era fazer um trabalho artístico, e foi bem sucedido. “Para mim, é fácil explicar essas imagens, mas não quero fazer isso. Se eu explicasse todos acreditariam que essa é a única interpretação possível. Quero que as pessoas saibam que há muitas possibilidades de interpretar o filme segundo suas próprias visões", explica o diretor. Filme vazio? Não, o objetivo era criar imagens artísticas, sem valor pratico, mas não sem importância.
Lembro-me também do texto “A dama no espelho: reflexo e reflexão”, de Virginia Woolf. A narradora do conto é uma visitante que contempla sua anfitriã pelo espelho do vestíbulo, e sua imaginação cria asas, tentado desvendar os segredos daquela mulher misteriosa que é a dona da casa. A fantasia chega ao fim quando a senhora chega, e a narradora é obrigada a olhar diretamente para ela, não mais pelo espelho, decepcionando-se quando percebe que não há mulher misteriosa alguma, apenas uma pessoa de idade.
O conto é o registro de uma simples fantasia, um pequeno exercício de imaginação. Fútil? O texto é ótimo, uma prática que talvez muitos tenham esquecido hoje em dia. E, se não esqueceram, não reconhecem mais sua importância.
“Escolhendo a Forma, ele (o artista) estaria se tornando um explorador. Sua meta: descobrir tudo sobre a forma artística. E sua arte não teria falta de idéias ou de propósito. Sua arte simplesmente se tornaria seu propósito e suas idéias surgiriam para lhe dar substancia. Os criadores que seguem por esse caminho são pioneiros e revolucionários – desejam sacudir as coisas, mudar a maneira das pessoas pensarem, questionar as leis fundamentais que governam sua arte. (em outras formas de arte: Stravinsky, Picasso, Virginia Woolf, Orson Welles, etc.)”( Desvendando os Quadrinhos, Scott McCloud, editora M. Books, pág. 179)
Isso sim, é arte pela Arte.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Algumas Defesas



Crianças têm mania de alar que não gostam de algo antes mesmo de experimentarem. Adolescentes e adultos também têm esse problema, mas estas já têm mentes suficientemente formadas para se desapegar da preguiça e dos velhos e maus hábitos, logo, deveriam ter mentes abertas. Mas, como todo vício, é difícil de largar, o que não torna tal conduta desculpável.
Pessoas que querem se passar por intelectuais criticando os modismos são tão ou mais ignorantes do que aqueles que seguem a multidão. Isso não é mais do que seguir outra multidão. Algum tempo atrás me contaram sobre pessoas que estavam repudiando tudo que tivesse relação com “Alice no País das Maravilhas”, só porque o filme do Tim Burton era moda. Tais pessoas simplesmente eram anti-Alice, tanto ao filme quanto à obra original. Talvez o filme não fosse tão bom (eu não gostei), ou talvez o livro que não fosse, mas isso é questão de gosto. Porém, sei que pessoas que falam mal pelo simples fato ser moda existem, e aos montes.
Outro caso é da Stephanie Meyer, autora da série de livros Crepúsculo. Muitos xingam sem nem terem lido o livro ou visto o filme, são do tipo que quer parecer intelectual, mas não passa de um grande idiota. Mesmo que você tenha lido o livro e não tenha gostado, queria que fizesse algumas considerações, que farei agora:
Talvez Crepúsculo não tenha um grande valor literário e esteja destinado a ser esquecido, mas ele não deixa de ter valor para algumas pessoas e, para mim, o livro é um exemplo de romance descrito com realismo. Não pare de ler até terminar a descrição do romance! Pense se não é assim que acontece: primeiramente, a atração física; antes de poder conversa com uma pessoa ou vê-la em ação para poder julgar seu caráter, nós só temos a aparência da pessoa para qualquer parecer. É uma questão simples: se a pessoa é bonita aos seus olhos, ou se não é. A jovem Bella achou bonito o colega de escola Edward,e este, mais do que gostar do rosto da colega, o cheiro do sangue dela o atraiu.
Depois de encontrar alguém agradável aos olhos, as pessoas tentam descobrir se o outro lhe agrada à alma também. Inicia-se uma amizade, descobre-se os gostos, as qualidades e os defeitos do outro, experimentam a companhia um do outro para saber se lha satisfaz.
A ultima etapa é a de descobrir se a pessoa lhe agrada à mente, ou seja, tomar a decisão de amá-la. Bella estava apaixonada por Edward, mas sabia que não seria facil relacionar-se com um vampiro. Ela tinha de fazer uma escolha. No mundo real também pensamos em detalhes parecidos: gostos, crenças, filosofias, dietas diferentes são levadas em questão antes de se decidir por se entregar ou não à alguém.
O romance passou por essas três etapas,ao invés de fazer com que os personagens dessem suas vidas por alguém que eles simplesmente acharam bonito e nem precisaram conversar para descobrir qual é a personalidade do outro, simplesmente sabiam que era sua alma gêmea (conta outra!!). Nisso eu vi realismo na forma como a história foi tratada, e a primeira metade do livro Crepúsculo está na minha lista de livros a serem relidos por valerem a pena (junto do Tão Te Ching, dOs Sofrimentos do Jovem Werther, Admirável Mundo Novo).
O resto da história não me interessa porque eu não gostei da avaentura que começou na segunda metade do primeiro livro, e o que eu gostei (o romance em sí) morreu na primeira parte. Quando me perguntam o que eu acho de CREPÚSCULO,é isso que eu respondo, que a primeira parte, o romance, agradou-me muito, mas o resto eu desgostei. Mas isso ainda é uma questão de gosto: os críticos de cinema vêm na ação e aventura da história algo que tira a atenção do “novelão”.
Gosto muito da série Matrix, e há várias críticas que dizem que o filme não é filosófico porque ele não discute as questões apresentadas, simplesmente as mostra e tenta se passar por filosófico. Eu discordo dessas críticas, só o fato de apresentar uma questão já mostra e leva ao questionamento; talvez falte, sim, trabalhar essas questões, mas o filme tinha questões demais para trabalhar, fora o próprio enredo que tinha de ser resolvido. A Hospedeira (romance da Stephanei Meyer) e o anime Suzumiya Haruhi no Yuuutsu apresentam varias idéias interessantes e relevantes para serem pensadas, mas não as trabalha. Isso torna a obra ruim? Sem duvida seria melhor tais questões fossem desenvolvidas, mas as obras são melhores do que aquelas não que disseram nada.
E o quanto à profundidade de cada obra também diz respeito à quem a experimenta: achei o a versão Tim Burton de Alice vazia,mas uma colega minha viu várias mensagens secretas e inteligentes no filme! Para ela não foi vazio.
Depois de pensar nisso, cada um tem uma escolha a fazer: ser sincero consigo mesmo e com os demais, falando apenas do que sabe; ou enganar a si mesmo, mentir e ser escravo dos outros, seguindo uma multidão. Existem adultos e crianças grandes, mas, se “o sol é para todos, e a sombra, para quem a quer”, decidam-se entre ser autônomo ou perder a própria identidade. Não se deve negar ter experiências novas. Acho mais valido ter uma experiência ruim, mas saber como ela é, do que não correr o risco.

domingo, 25 de julho de 2010

A Ilusão é mais sólida do que a real Verdade, e isso não é nenhum paradoxo!




Por “ilusão” entendemos engano, um fenômeno interno de má interpretação dos fatos. “Ilusão é algo não palpável, como poderia ser sólido? Ou ainda pior: ser mais sólido do que a Realidade?” É interessante que, na filosofia hindu, Maya, ou ilusão, seja também entendida como “Natureza”.
É dito que Buda tornou-se iluminado quando despertou para a Realidade, e que isso consiste em compreender que se vive em um mundo de fenômenos objetivos impermanentes e, por isso, ilusórios. Uma bandeira não se movimenta quando é tocada pelo vento; o vento não se movimenta também, é a mente que se move. Compreender isso é ser desperto. De fato, as circunstancias externas existem e podem se apresentar como obstáculos, mas a mente tem poder sobre a matéria, e, dominando-a, perde-se a ilusão de que há algo que nos controla. Somos responsáveis por nós mesmos. Se tudo passa, não há porque se apegar a algo. O apego (luxuria) é uma ilusão, não existe “meu”.
A Realidade é impalpável, porque é Essência, não Existência, diferente da Ilusão, que é temporária. Nota aos existencialistas: tanto a Essência precede a Existência quanto o contrário; a Essência se manifesta em forma de Existência, e há tanta diversidade que prova como aquela não tem forma, mas se revela de infinitas formas, como se fosse o verdadeiro Nada, pois é Nada Existencial, sim, mas a essência pessoal/objetiva é construída com o tempo, sendo impermanente também.
Quando pensar no mundo objetivo e sólido (fisico), saiba que ele é moldado conforme a mente deseja, saiba que a Natureza é também Ilusão, que ela tenta nos prender a idéias falsas, e que viver feliz significa ter consciência de que tudo passa, tanto as coisas boas quanto as ruins. Saber modelar sua mente para estar preparado para os desafios de Maya é ser Desperto.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Desculpas

Olá, à todos.
Na primeira postagem desse blog eu prometi atualizá-lo duas vezes por semana. Semana passada eu não cumpri a promeça, por varios motivos, como por (falta de) saúde.
Desculpem-me.
A gora retornei e pretendo continuar a publicação periódica.
Como não tive condições de escrever semana passada, coloco, em forma de próximo post, um trabalho meu feito ano passado para a escola. Desculpem-me o descaso, mas não tive condições de fazer algo melhor, sério mesmo.
Então, por favor, leiam o próximo post.

Multini.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Hyper Future Vision



“ - Pobres são os humanos que não se aprofundam nas questões importantes, ou tem uma visão tão limitada que não conseguem compreender que existem um mundo inteiro além delas. As pessoas priorizam a sensação direta, rápida e esquecível, não há mais contemplação, reflexão.
- Mas, agora – continuou Raziel, aproximando seu rosto ao de Nathan, fazendo o garoto recuar um pouco – existe muito abaixo da superfície, da sensação direta – ele ergueu a mão direita à altura do rosto de Natanael, com o dedo indicador em riste, como se quisesse indicar algo importante -, e isso é muito mais importante.
- Porém existe algo muito mais valoroso do que aquilo que está abaixo da superfície – seu sorriso maroto estendia-se de uma orelha à outra – que é aquilo que não está lá!
E Raziel voltou à postura ereta, comportada (permitindo á Natanael respirar, o que não significa que ele se sentiu mais confortável assim) – Isso define não só a Sabedoria, como também a Arte.”
Esse trecho foi extraído do livro “Alegoria do Anjo”.

Eu acredito mesmo nisso. O barato da arte (e da sabedoria) é que ela não é óbvia, não é clara, não é direta, mas também é importante, relevante e bela.
No livro “Desvendando Quadrinhos”, o quadrinhista norte-americano Scott McCloud dá importante atenção à noção de “espaço e vazio” na narrativa dos mangás. Noção essa de mostrado-não-mostrado é também estudada na matéria sobre história do anime, do DVD Animatrix.
Por exemplo: a musica “O Pulso”, da banda Titãs. Farei uma curta e grossa descrição da mesma; a letra é composta quase inteiramente por um monte de nomes de doenças, única exceção é o refrão: “e o pulso ainda pulsa”. Não é necessariamente uma musica agradável, mas eu a adoro, justamente por que concordo com a definição de Raziel.
A mensagem está oculta. “e o pulso ainda pulsa” significa que, apezar de todos os males, mesmo com as inúmeras doenças que compõem a letra, ainda estamos vivos, o que abre um leque de possibilidades.
Por baixo da superfície considerada feia, esconde-se uma mensagem bonita, que (na minha opinião) torna a obra ainda melhor, ainda mais bela.
Outro exemplo que eu gosto: Laranja Mecânica. Conheço muita gente que desligaria a TV depois de ver os primeiros 5 minutos do filme – achando a obra uma idiotice só - , e mais gente ainda que não agüentaria nem isso, de tão franco o estômago. Mas a história é uma incrível crítica social, nada sai impune do filme.
É uma obra belíssima, porque a mensagem esconde-se em uma superfície repugnante. Muitas pessoas (a maioria sendo aquelas acostumadas às mensagens pré-prontas e falta de originalidade dos filmes de hoje, sempre com um final feliz, sempre com um romance, usando e abusando de clichês para agradar o grande público) veem esse filme como violência e sexo gratuito e sem sentido.
Falta profundidade nas obras de hoje (ao menos, naquelas que ganham destaque). Elas são feitas para agradar ao grande público, e só, e depois serem esquecidas. Quem já leu a matéria sobre o filme Avatar já sabe o que eu penso.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

A Dúvida de Wittgenstein




Paulo Coelho uma vez contou
Que grandes sábios se reuniram
Para chegar à uma conclusão
Sobre qual seria a mais importante parte
Dentre as partes do nosso corpo.

E essa parte,
Uma Parte Inexistente
O canal que liga
O ouvido à língua
O corpo à mente.

“Se esse canal tiver algum problema
o homem passa a dizer o que não ouviu
e aí, não apenas o corpo fica doente,
mas a alma é condenada eternamente”

Acaso pode a fonte jorrar
do mesmo lugar
aquilo que doce é
aquilo que amargo é?

Perguntou o apóstolo Tiago
Aos cristãos.
Pois assim é a língua, como as palavras
têm com tudo relação.

Elas foram feitas para isso
Elas podem representar tudo aquilo
que aqueles que a dominam quiserem,
assim como pode afetar aqueles que as ouvem
tanto para o bem
quanto para o mal.

Dos ensinamentos de Buda
as palavras têm o poder de destruir e curar
quando verdadeiras e amáveis
podem o mundo mudar.

Assim como também Salomão pregava
Mas ser amável a palavra não precisava
Quantos quase não destruíram o mundo
com palavras que pregavam o terror mais profundo?


Mas é verdade,
Palavras mudam a realidade.
Quantas vezes o saber
Já não se fez se perder
ao longo da história?

E o quanto isso pesou para o mundo?
Isso apaga a nossa glória
E joga nosso orgulho
No que há de mais profundo

Conhecimento é poder,
e o conhecimento é transmitido
por meio das palavras.
Palavras são ferramentas.

São sombras da realidade.
E sombras viram jogos.
Palavras pra brincar
Brinquedos quebram logo.

Por isso a dúvida de Wittgenstein.

A realidade é composta por inúmeros fatos
Para compreendê-los,
Nós os transformamos em imagens mentais
pensamentos que só podem se expressar
ao falar.

Tornando a complexa realidade
algo de grande simplicidade
encontramos a solução final
para todos os problemas filosóficos da humanidade.

Por isso a dúvida de Wittgenstein

Palavras não são más
Palavras não são quentes
Palavras são iguais
Sendo diferentes

Sombras são representações
não são exatas
são ambíguas.
Tão inexatas,
como pode a linguagem ser
O nosso melhor instrumento
para chegar á Verdade?

Por isso a dúvida de Wittgenstein.

Sem falar das diferentes linguagens.
As palavras por si só
já não são confiáveis.
Foi a torre de babel
que complicou ainda mais a situação.

Mas a torre foi construída
Deve-se ao orgulho dos homens.
Humanos são imperfeitos,
distantes da realidade.

Nenhum sistema que criarmos
atingirá a perfeição.
Por isso as palavras,
confiáveis não são.

Por isso a dúvida de Wittgenstein.


By:
Multini

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Errata - Ergo Proxy Part. 1 (emenda)



Olá à todos.
Resolvi escrever esse post depois de receber algumas críticas (construtivas!) à respeito das matérias sobre o anime Ergo Proxy que tenho postado aqui nesse blog.
Acontece que, na primeira parte, a passagem "Se a célebre frase de René Descartes, 'cogito, ergo sum' (penso, logo existo) fosse 'cogito, ergo proxy', significaria 'penso, logo crio'" foi contestada por fans da história que se dizem entenrder mais sobre as idéias de Descartes e de latim do que eu (o que acho muito provável, meus estudos de filosofia são praticamente independentes, ainda tenho muito chão pela frente).
Apezar de não ter conseguido ver as fontes dos argumentos, foi levantada a idéia de que talvez a passagem mensionada seja um equivoco, quero dizer, talvez "cogito, ergo proxy" não signifique "penso, logo crio".
Então escrevi este post, mesmo desconhecendo os argumentos e tendo fontes à favor do que já havia escrito, nada é perfeitamente confiável e, como houve o questionamento, achei certo divulgar a idéia.

Mas a melhor notícia é que, mesmo que de forma ínfima, pude iniciar uma discussão (mesmo que pequeníssima) com esse blog. Meu objetivo é que as pessoas possam conversar mais entre sí, discutir seus pontos de vista e sair do senso comum.
Isso foi um ponto ganho.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Elogio da Loucura – Ergo Proxy Part. 2




“Bem vindo para mim é meu sono, e ainda mais se de pedra, enquanto o erro e a vergonha ficam. Não ver, não sentir, grande sorte para mim. Porém, não me desperte. Silêncio! Fale Baixo!”
- Michelangelo

Quem já leu a primeira parte da matéria mas ainda não viu a série deve estar se perguntando o motivo para esse citação de Michelangelo estar presente nestes posts. A primeira cena do anime É esta citação, o que define muito bem o que será tratado na história.
Na primeira parte eu escrevi sobre a alegoria da Caverna de Platão. A mensagem de Michelangelo pode ser interpretada como a filosofia daqueles que permanecem na caverna: a ignorância, o medo de viver, o medo de mudar cegam a população e limitam suas vidas. E qualquer um que contrarie o sistema (o sonho) é louco.
O cogito tem motivo de ser maior do que movimentar o roteiro, sua existência dá maior profundidade à história: mais do que a discussão sobre almas nas (das) máquinas, o livre-arbítrio humano também entra em questão. O mistério do proxy faz com que as personagens envolvidas saiam de suas rotinas (vidas pré-programadas) para buscar a verdade, desmascarar as corrupções do governo, desmentir as ilusões impostas pela mídia. Vários personagens, sentindo que estão preenchendo suas vidas com significado falam que se sentem infectados com o cogito. O protagonista Vincent Law é obrigado a questionar toda a sua vida, suas memórias de até então, para poder descobrir o segredo por trás do proxy.
Quando infectados, os robôs se perguntam sobre sua raison d’être, sua razão de existir (servir os humanos? Buscar seus próprios motivos para viver, agora que tem livre-arbítrio para escolher?). Os humanos também passam a sentir propósito em suas existências. Toda a trama trabalha com a busca de raison d’être. Os mistérios dos proxys e até mesmo da origem dos domos (nossas cavernas) são revelados pela discussão do sentido de suas respectivas existências.
“Nós todos somos manipulados como engrenagens nesta utopia, existindo somente para cumprir nosso propósito pré-determinado.” Foram as palavras de Raul Creed, um personagem que também teve a vida virada do avesso por causa do monstro, e nisso descobriu como preencher sua vida de significado e sair do controle do governo, apesar disso não ter sido necessariamente benéfico.
Todo o anime brinca com a máxima da filosofia “nada é tão óbvio que não possa ser contestado.”. Chega uma hora que você espera por qualquer coisa dos episódios, depois de já ter visto as situações mais improváveis. Sempre brincando com o onírico e o real, como metáfora para o despertar ou a saída da caverna, para descobrir a Verdade, a Realidade.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Quando Coisas Reais Acontecem a Pessoas Imaginárias – Resenha Crítica do filme Avatar



A maioria das minhas matérias está, pode se dizer, atrasada: a última postada foi sobre um anime que já terminou há alguns anos, e a primeira foi sobre um clássico. Achei bom escrever sobre algo atual. Então, aqui está, aproveitando o sucesso que ainda está nos cinemas (até onde eu saiba), uma matéria sobre o filme Avatar, de James Cameron.
Fui assistí-lo alguns dias depois do Natal, aproveitando o embalo dos meus tios e primos, que me levaram. Saí do cinema falando um monte do filme (eu não xingei, mas não elogio), e meus pais tiveram de ouvir ainda mais quando cheguei em casa.
Não, não foi um filme ruim. Para os padrões norte-americanos (e brasileiros), foi um filme bom. Mas para os meus padrões... Digamos que não indico o filme a ninguém. Acontece que eu não vejo filmes como a maioria das pessoas. Não assisto por causa de efeitos especiais (só vi em 3D porque os meus primos não queriam ver de outra maneira), nem esperando muito da história caso se trate de filmes norte-americanos.
Eu assisto um filme (leio um livro ou HQ, ouço musica, etc) em três níveis:
1- Mensagem (o que os criadores quiseram dizer com aquilo)
2- Enredo
3- Enfeites (leia “efeitos especiais e tudo o mais que não tem nada a ver com a história” ou ainda “pura arte, sem valor prático, mas não sem importância”)
Quero dizer, se a idéia original é boa, então já está cerca de 60% aprovado por mim. Se a história for boa, ótimo, é provável que um dia eu queira rever. E efeitos especiais não importam nada para mim por que não tem a mínima relevância para a história e eu não me interesso por esse tipo de arte.
O problema com Avatar é que a Mensagem e o Enredo entraram em crise, e aquela foi subordinada a esta. Avatar é uma alegoria falha. Mas, para explicar o porquê, terei de contar a história, inclusive o final. A partir de agora, se você não quer ler spoilers, sugiro que deixe para ler esta matéria depois de ver o filme.
A história começa com uma expedição espacial chegando ao seu destino: um planeta chamado Pandora, rica em um elemento inexistente na Terra, mas muito útil para os humanos. No planeta há existências de forma humanóide chamadas Navi (aqueles monstros azuis de três metros que você já deve conhecer se viu algo sobre o filme). Todas as criaturas desse planeta possuem um forte vínculo uns com os outros: por meio de uma espécie de cabo que todos têm em seus corpos, eles podem ligar seus cérebros uns aos outros, para transmitir informações, sensações, ordens (para adestração), e outras possibilidades.
A idéia de Avatar é que, para negociar com os Navi o tal elemento, os negociadores humanos passarão suas mentes para um corpo de navi criado artificialmente. O nome dos corpos? Avatares. Vá entender... “Avatar” é o nome da encarnação do deus hindu Vishnu, que veio à Terra várias vezes para, de forma geral, fazer o bem e punir os maus, segundo a crença.
A história então é uma alegoria da luta entre a nossa sociedade tecnológica contra as sociedades indígenas. Os navi são claras representações dos índios. Mas, claro, sendo os navi os protagonistas do filme, e sendo uma produção norte-americana, o final é óbvio: na luta, os navi vencem. O filme tem de agradar o grande público, e o que o agrada é um final feliz, mesmo que contrarie a realidade.
Não falo que o filme seja bom porque os navi venceram no final. Minha tia falou que é assim que tem de ser, que a natureza tem de vencer, que as histórias têm de transmitir boas mensagens. E ela está certa nesses dois últimos pontos, mas é inegável a incoerência: não foi assim que aconteceu.
Os índios infelizmente perderam as batalhas. Os mais próximos da natureza falharam. O filme então é uma enganação. Sim, a natureza tem de vencer, e vai vencer, eu acredito, mas de outra maneira, porque, desta, com os índios, já falhou. É uma besteira recriar esse conflito e dar um novo final, um feliz. Isso é enganar, é dar ao grande público o que ele quer (uma mentira que os faça sentir bem), não o que ele precisa (sentir a dura realidade, mas que os faça impedir que esses erros sejam repetidos). O filme é uma Alegoria Falha.
Ainda mais incoerente é o fato que, para dar mais emoção ao filme (e estragar ainda mais a idéia), quando os navi começam a perder, eles recebem ajuda dos demais habitantes do planeta, os animais. Animais não de juntam para lutar contra adversários tão assustadores, eles fogem quando pressentem o perigo.
Quanto ao caso da Natureza vencer, só estarei satisfeito quando vir uma Alegoria da Fênix: uma história que mostre a sociedade tal como ela é, sendo corrupta, hipócrita, ignorante; mostrará, então, ela ruindo, queimando-se por causa de si mesma, dos seus erros; e a Natureza avançando, dominado, retomando o que é dela por direito, como o fogo se alastrando no corpo da velha fênix, para que, das cinzas desse mundo doente, renasça uma vida melhor.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Muitos Encontros – Ergo Proxy Part. 1


“Bem vindo para mim é meu sono, e ainda mais se de pedra, enquanto o erro e a vergonha ficam. Não ver, não sentir, grande sorte para mim. Porém, não me desperte. Silêncio! Fale Baixo!”
- Michelangelo

Essa é a primeira parte da matéria sobre o anime Ergo Proxy. Nesses posts estarei dissecando e analisando essa sombria e futurista ficção-científica rica em filosofia e psicologia.
Na primeira parte quero falar sobre o mundo onde acontece a história, suas metáforas sobre o nosso mundo e suas várias alegorias a si mesmo. Mas antes, você precisa conhecer a história, não é mesmo? Ela acontece em uma gigantesca cúpula chamada Rondo que abriga toda a sua nação. Ela foi construída para que os humanos pudessem sobreviver enquanto a Terra se regenera e volta a ser habitável. Mas muitos anos (talvez milênios) já se passaram entre a construção do domo e o início da história. Os humanos vivem muito bem dentro dela, com uma febre consumista pior que a nossa (as ruas estão cheias de monitores transmitindo mensagens de incentivo às compras e à uma “vida melhor”), e desfrutam de alta tecnologia, convivendo com robôs.
Mas as máquinas são alvo de uma espécie de vírus chamado “Cogito”, que lhes da alma/livre-arbítrio. Vírus este que tem origem em uma existência ( humano? robô? deus? monstro?) chamado Proxy.
Se a célebre frase de René Descartes, “cogito, ergo sum” (penso, logo existo) fosse “cogito, ergo proxy”, significaria “penso, logo crio”. E o anime brinca bastante com isso: sua frase famosa é “penso, logo VOCÊ existe”; e há até uma parte que acontece um culto, e as pessoas oram: “pensamos, logo Deus existe; Ele pensa, logo nós existimos”. Com isso já é possível perceber um pouco a profundidade da história.
O protagonista, Vincent Law, é um imigrante vindo do Domo de Moscou, que se empenha em se tornar um bom cidadão. Mas, por causa de muitas coisas que ele não entende, ele se convence de que não pode alcançar seu objetivo. Vendo que não há lugar para ele em Romdo, Vincent foge, acompanhado de Pino, uma robô infectada com o cogito, que age como uma criança.
Atacada por um proxy, Re-l (Real) Meyer (uma agente de governo e neta de Donov Meyer, o responsável por Rondo) tem sua sanidade desacreditada, e passa a caçar o “monstro” para provar que não está louca. Acreditando que Vincent tem alguma ligação com os proxys, ela o segue até mesmo fora do domo para descobrir mais sobre essas estranhas existências, que, por algum motivo, o governo quer esconder.
Vincent, Pino e Re-l formam o núcleo que protagoniza a série, viajando pelo mundo para descobrir mais sobre os proxys. Nessas viagens, eles passam por uma série de outros domos que, de uma forma ou de outra, são metáforas de Rondo, que por sua vez é uma alegoria ao nosso mundo. Cada domo visitado é uma característica de Rondo. E é disso que quero tratar nesse post.
Tenha em mente que Rondo é o nosso mundo: a vida dos cidadãos é fortemente influenciada pela mídia; consumismo em alta; tecnologias que nos acomodam mais em uma vida sedentária; governo controlando as informações que chegam até a população; pessoas vazias, com vidas preenchidas por prazeres supérfluos como compras e TV. E os demais domos apresentam cada um uma característica diferente.
Um dos primeiros domos visitados é um onde o ultimo humano já morreu há muito tempo, mas as máquinas continuaram a trabalhar, como se não tivessem percebido nada (fico imaginando quem é que fazia os jornais que o robô entregador deixava nas casas pelas manhãs). Chegando no final do anime, Rondo está quase em uma guerra civil entre humanos e robôs, mas mostra um personagem que continua sua vida normal, carimbando documentos e digitando em sua máquina de escrever, apesar de sua escrivaninha estar vazia – não há maquina de escrever, nem documentos, nem mesmo carimbo. Esse domo representa a vida vazia das pessoas, mostra um lugar em que a população repete os mesmos erros de novo e de novo, sem nunca questionar o que faz, simplesmente vivendo sem pensar, sendo manipulados, pré-programados.
Essa característica também fica clara quando os personagens passam por um domo também em guerra entre humanos e robôs, mas as pessoas nem lembram mais o motivo de estarem lutando, de estarem vivendo. Nessa fase do anime um personagem descreve a situação da seguinte forma: “O mundo é um lugar caótico e, na sua fraqueza, eles não tinham nem sequer uma razão para morrer. É até impressionante eles acharem que tinham alguma razão para suas existências”. Que é a mesma coisa do domo do parágrafo anterior, e também é característica de Rondo e alegoria ao nosso mundo.
Se esses domos dos parágrafos anteriores tratam das vidas pré-programadas das pessoas, há um sobre a programação, ou seja, da influencia da mídia que faz a população achar que está vivendo bem e significativamente. Na Smile Land, o mundo é um enorme parque de diversões, cujo objetivo é fazer as pessoas sorrirem a vida toda. Nossa adorável robozinha Pino, que estrela esse episódio faz as pessoas perceberem que não estão vivendo, mas, sim, vestindo uma máscara e ignorando à si mesmas e as pessoas ao redor.
Pino, the girl with a smile, um robô infectado com o vírus cogito, adquiriu livre-arbítrio, e convivendo com pessoas e vendo diferentes emoções, ela despertou sentimentos verdadeiros. Pela sua experiência, ela se tornou capaz de sorrir, entristecer-se, amar, odiar, deferentemente das pessoas de Smile Land, com seus sorrisos momentâneos e sem felicidade verdadeira.
O anime, cheio de referencias à filosofia, segue como a Alegoria da Caverna, ou seja, os personagens tentam sair da caverna em busca da verdade, que, primeiramente, faz os olhos arderem, pois a luz do sol é muito forte para quem vive na escuridão. Talvez a verdade, uma vez descoberta, traga felicidade, talvez não. Um dos melhores episódios ilustra bem isso.
No capítulo (meditação, como são chamados em homenagem ao livro Meditações, de Descartes) 17, “Terra Incógnita”, os viajantes entram em uma caverna habitada por existências de forma antropomórfica. Esses habitantes não têm capacidades mentais como a dos humanos, mas os personagens suspeitam que eles eram pessoas que se abrigaram naquela caverna para sobreviver e, ao longo de milhões de anos, tornaram-se aquilo. Eles são extremamente fotossensíveis (até a mísera luz de lanterna os incomoda), e morrem se tentarem sair da caverna, seja por causa da luz, seja pela composição do ar na superfície deferente da composição de debaixo da terra.
A Alegoria retrata não só a situação das pessoas de Rondo, como também a dos protagonistas: as pessoas estão presas na caverna; eles saíram da caverna (Rondo) para descobrir a verdade; mas é perigoso sair de lá (a Terra ainda não está completamente regenerada, sem falar que sair é ilegal). Na história contada por Platão, os habitantes da caverna mataram aquele que saiu, julgando-o louco. Re-l, sabendo mais da Verdade do que os demais cidadãos (ela sabia da existência dos proxys e o que eles eram), também foi considerada louca.
Acho que já me estendi demais. Ainda tenho muito para falar desses muitos encontros, mas acho que consegui mostrar o que queria com essa “pequena” matéria. Na próxima parte, pretendo falar um pouco sobre os proxys, cogito, e os robôs.
Até a próxima.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

O Significa do Esporte



A primeira postagem foi uma apresentação. A partir desta começam as matérias realmente. Como minha área é a cultura pop japonesa (mais especificamente os quadrinhos e animações), nada melhor do que começar falando da obra mais famosa do assim chamado Deus do Mangá Osamu Tezuka, Tetsuwan Atom (ou, como é mais conhecido aqui no Brasil, Astro Boy).
Na verdade eu não conheço muito da obra de Osamu-sama, apenas vi um episódio do anime de Astro, mas esse único capítulo mexeu comigo. Não, não escrevi esta matéria para fazer propaganda do trabalho, mas esse episódio pode ser usado para se discutir o significado do esporte, mas, antes, preciso atualizado o leitor sobre a série Astro Boy e sobre o tal capítulo:
A história se passa num futuro onde humanos e robôs vivem juntos, nada de extraordinário até ai. O capítulo que eu vi tinha como trama trapaças acontecendo em uma importante série de jogos de futebol americano, em que os atletas eram robôs. Não, a trapaça não estava nos jogadores serem robôs, todos sabiam disso, mas sim, no fato dos robôs estarem sabotados. Não é preciso saber mais nada para começar efetivamente a discussão.
Tomemos o Brasil como exemplo: aqui onde uns 99% da população masculina já quis ser jogador de futebol, que sentido teria um esporte praticado por máquinas? Qual seria o motivo da existência do esporte se não forem existências humanas praticando?
Entretenimento? Mais do que isso apenas, o importante do esporte é o treinamento do corpo, a preservação da saúde. Pense no cenário do anime: futurista, máquinas tão avançadas que a economia e o mercado de trabalho devem ter sofrido enormes reestruturações para lidar com a população que foi substituída por robôs. Mais acomodados do que os humanos são hoje, imagine nesse futuro. E se o esporte perder seu valor como pratica para ser apenas entretenimento, que valor tem hoje então, se parte desse valor pode ser descartado?
Pense no circo: que sentido teria assistir a robôs fazendo piruetas e saltos mortais, correndo o risco de errarem e cair, sendo que, para a tal apresentação, foi tirada a rede?
Chegaremos a um futuro em que até os atletas foram substituídos pelas maquinas? Esqueceremos (ou já esquecemos?) que o esporte é prática mais do que entretenimento? Veremos graça em assistir máquinas correrem atrás uma bola e marcando gols? Isso, talvez, só o tempo dirá. Acho que Walter Benjamin teria mais o que falar desse assunto.

A seguir: primeira parte da matéria sobre a série de TV que deu nome a este blog: Ergo Proxy!

Prefácio: Uma Nova Visão

A proposta: Este Blog tem como objetivo fazer uma visão crítica da cultura popular. Nas matérias que postarei aqui, estarei discutindo musica, cinema, livros, quadrinhos e tudo o mais que tenha a ver com a cultura pop. Espero assim contribuir para sua construção de uma visão mais crítica e filosófica do mundo em si, caro leitor.

Assim sendo, este blog não será atualizado diariamente, mas estarei postando uma matéria no mínimo duas vezes por semana.
Espero que as matérias que serão colocadas aqui sejam de bom proveito para você leitor, e espero também poder encontrar com você mais vezes.
Até logo.